segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Falando sobre as metáforas terapêuticas



Como uma forma simbólica de comunicação, a metáfora vem sendo utilizada desde sempre como instrumento de contato interpessoal.As parabolas dos textos sagrados, as alegorias da literatura, as imagens da poesia e as fantasias da histórias infantis, todos utilizam a metafora como maneira de dar á comunicação um caráter ao mesmo tempo mais indireto e mais significativo.
Muitos teóricos da educação defendem a idéia de que as tentativas de aprender algo novo á partir de uma perspectiva lógica e racional criam barreiras para o progresso. Mesmo na área educacional, os métodos mais indiretos e metafóricos sempre foram mais efetivos.
Os orientais utilizam culturalmente as metáforas, estórias, fábulas e parábolas como forma de aprendizagem e disseminação das idéias religiosas, éticas e morais.
Entre outras formas modernas de entendimento psicológico, Carl Jung sempre destacou o papel do símbolo, assim como das metáforas, como representantes de algo que está além da aparência imediata.
Mas foi Milton Erickson que, durante os mais de 50 anos de carreira na área de psicoterapia, criou a maior quantidade de metaforas que já se viu, a maioria delas baseadas na experiência cotidiana da vida no lar,na escola e no trabalho. Só que erickson, por ele mesmo, nunca teve uma preocupação de dar explicações e fundamentar o uso e o funcionamento das metáforas.
Bem, vamos ver como a metáfora funciona :
1) a metáfora apresenta uma estrutura superficial de significado nas palavras presentes na estória.
2)Ativa uma associação com a estrutura profunda de significado que é indiretamente relevante para o ouvinte.
3)ativa uma recuperação da estrutura profunda de significado que é diretamente relevante para o ouvinte.
A metáfora é uma experiência primária que é mediada pelos processos do hemisfério direito, através dos quais são ativados padrões de associação inconsciente que apresentam a consciência uma nova resposta como resultado da pesquisa transderivacional.
Um bom exemplo de estória metafórica com vistas a uma mudança de afeto ou emoção é o relato sobre o modelo de parto natural proposto pelo médico francês Leboiyer:

" Foi sugerido por um médico francês que quando os bebês nascessem, não deviam ser segurados de cabeça pra baixo em uma sala fria, com luzes e barulho, e não deviam bater neles para que chorassem.
Não, eles devem nascer em um quarto quentinho, tranquilo, com luzes suaves, e serem colocados em uma banheira morna, porque quando são tratados assim, eles pareçem que abrem os olhos e olham em volta. Eles pareçem surpresos e alegres e até pareçem sorrir. Eles se deixam ficar calmamente relaxados e cresçem mais felizes e mais seguros.Tudo porque foram tratados com delicadeza, protegidos e cuidados, não foram atingidos ou amedrontados, mas puderam ficar seguros e tranquilos por um tempo.
E isso é um modo natural de fazer coisas que parece funcionar bem, porque quase todos os animais tem suas crias em noites quentes, quando é seguro nascer e a mãe pode cuidar deles e ajudá-los a se adaptar as coisas e els podem aprender como manter as coisas sobre controle.
Eles aprendem a se esconder, calmos, na grama alta, aprendem como ficar bem sossegados até quando existe um perigo por perto,e aprendem a brincar, felizes, seguros, na consciência de que alguém está alí, por perto, protegendo, calmamente olhando por eles.
E quando ficam mais velhos e sábios, pareçem acalmar a si mesmos e se tornam mais quietos, por dentro e por fora, enquanto usam tudo o que aprenderam. Porque até um rápido aconteçimento pode nos dar uma lição para se usar, ainda que só um cantinho da toalha venha a sobrar suavemente de um banho morno onde descansa e sorri um recém nascido com um aspecto de conforto tranquilo".